A superdotação é um conceito em constante transformação. Hoje, reconhece-se que ela vai muito além de um QI elevado. A literatura atual, conforme destacam autores como Renzulli e Pocinho, aponta para a necessidade de considerar não apenas as capacidades cognitivas, mas também aspectos como criatividade, motivação, estilo de aprendizagem e contexto de vida.
Joseph Renzulli, um dos maiores estudiosos da área, propõe a Concepção dos Três Anéis, que define a superdotação como resultado da interação entre três fatores: capacidade acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa. Nenhum desses elementos, isoladamente, caracteriza uma pessoa superdotada. É a combinação entre eles que gera o comportamento superdotado, ou seja, aquele direcionado à produção criativa e significativa em áreas valorizadas da cultura.
Complementando essa abordagem, autores como Pocinho (2009) reforçam que a superdotação pode se manifestar em áreas diversas: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo, talento artístico, liderança ou habilidades motoras. Assim, a avaliação deve ser multirreferencial, envolvendo diferentes agentes (pais, professores, especialistas), contextos (escola, casa, comunidade) e instrumentos (testes, observações, entrevistas).
A avaliação neuropsicológica desempenha um papel fundamental na identificação das altas habilidades/superdotação, especialmente quando realizada por profissionais qualificados e com instrumentos adequados. Por meio de testes padronizados, entrevistas clínicas e análise do desempenho em diferentes domínios cognitivos, é possível obter um perfil detalhado das potencialidades e dos estilos de aprendizagem do indivíduo. Essa abordagem permite não apenas confirmar o alto desempenho intelectual, mas também compreender aspectos como criatividade, motivação, atenção, memória e funcionamento executivo. Além disso, contribui para diferenciar altas habilidades de outras condições do neurodesenvolvimento, como TDAH ou TEA, e orientar intervenções educacionais e psicológicas individualizadas, promovendo um desenvolvimento global mais saudável e adequado às necessidades específicas de cada pessoa.
É importante lembrar que muitas crianças superdotadas não se destacam necessariamente na escola tradicional. A falta de estímulo, o tédio e a desmotivação diante de um currículo repetitivo e pouco desafiador podem fazer com que talentos passem despercebidos. Além disso, é comum que essas crianças apresentem um desenvolvimento assíncrono, ou seja, seu nível intelectual pode estar muito à frente do desenvolvimento emocional ou social, o que pode gerar dificuldades de adaptação.
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POCINHO, Margarida. Superdotação: conceitos e modelos de diagnóstico e intervenção psicoeducativa. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 15, n. 1, p. 3-14, jan./abr. 2009. Disponível em: https://periodicos.capes.gov.br. Acesso em: 18 jul. 2025.
RENZULLI, Joseph. Modelo de enriquecimento para toda a escola: um plano abrangente para o desenvolvimento de talentos e superdotação. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 27, n. 50, p. 539-562, set./dez. 2014. Disponível em: http://www.ufsm.br/revistaeducacaoespecial. Acesso em: 18 jul. 2025.